A Ponte

Existem momentos na vida em que parece não haver mais saída. Em que a esperança acaba, os sonhos perdem o sentido. Onde não há mais céu ou terra. Onde até o ar que respiramos parece carregado de dor e agonia. Tudo em volta parece estar desconexo e o sofrimento é maior que tudo e todos.

Nossos amigos são as pessoas mais indicadas para se procurar quando nos sentimos assim. Mas e quando parece tarde demais? Quando os problemas, as frustrações, as perdas, as derrotas e a solidão nos obrigam a parar e fazer uma reflexão se realmente vale a pena seguir em frente?

É nessas horas que alguns pensam em pôr um fim na dor de uma vez por todas, pois acreditam que nada pode ser pior do que conviver com ela. Até existe uma discussão polêmica se tal pessoa teria o direito de tirar a própria vida. Afinal, a vida é dela e ela pode fazer o que bem entender de si. Porém não é bem assim!

Muitos julgam as pessoas com pensamentos suicidas como fracas, chegando até mesmo a trata-las como inferiores. Que engano! Pessoas assim precisam de ajuda. Precisam de compreensão. Apoio. Um “estou do seu lado”, “segure minha mão”, “você não está só”, “eu te amo”. Nessas horas as amizades são mais que importantes. São os amigos – os irmãos da alma – que têm o poder de nos fazer ver diferente. De nos mostrar outra direção. De compartilhar dores, medos e fardos.

A fraqueza é inata ao ser humano. Há um ditado que afirma que só somos fortes quando estamos juntos. E é verdade! Mas temos de considerar aquela pessoa que está sozinha. Ou que pensa estar sozinha. Essa pessoa precisa de ajuda. E, às vezes, ela tem que vir de um estranho. De alguém que não faça parte de sua realidade. De você! O que quero dizer é que algumas vezes cabe a nós tirar um desconhecido do fundo do poço. Por mais difícil e constrangedor que pareça. A vida de alguém pode estar em nossas mãos. E, quem sabe, dali pode surgir uma nova amizade. Seja um anjo! Anjos de verdade não têm asas! Mas são de carne e osso, tem coração, compaixão, sensibilidade e usam jeans!

Quem interrompe seu caminho, quem pula da ponte, deixa para traz um rastro de dor e saudade. Pessoas amadas. Sonhos não realizados. Quartos vazios. Livros não lidos. Corações partidos. Não quero condenar quem opta por pular. Acontece que o fim de uma dor é o início de várias outras. E duvido muito que alguém queria isso. Se é o seu caso. Procure ajuda. Você não está sozinho. Pular, só se for de paraquedas! Ou bungee jump! Ou asa delta!

Se você está na pior, rodeie-se de amigos, de parentes. Procure um psicólogo. Vá a um psiquiatra. Tome remédios se for preciso. Faça coisas que goste. Viaje. Conheça novas pessoas. Se você acredita, conecte-se com Deus. Se não acredita, conecte-se com a natureza. Leia bons livros, veja bons filmes. Prove novas comidas. Faça um curso. Caminhe. Aprenda a tocar um instrumento. Crie um blog! Adote um pet. Tome banho de mar, de piscina, de mangueira. Faça exercícios. Suba numa árvore. Ressuscite a criança que existe em você!  Ame-se! Mova-se! Mova-se para frente e aos poucos deixe a dor para traz.

Por isso te digo: se você estiver cansado de tanto sofrer. Se o fardo for pesado demais. Se parecer ter chegado ao fim do túnel e você pensar em pular da ponte. Não pule! Atravesse-a! Atravesse-a e descubra o que tem do outro lado. Garanto que vai ser gratificante. E a ponte, ao invés de ser símbolo de morte, será símbolo de passagem. De vida!

Eu atravessei! =)

Samuel Cândido